Carnaval, tempo de festejar

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Carnaval é um fenômeno cultural maravilhoso, um espetáculo global que encarna o verdadeiro espírito de uma nação. É uma celebração pública que, independentemente de credo ou crença, unifica um povo e decreta que não importa se as coisas estão boas ou ruins, haverá uma força maior durante dois dias e meio em fevereiro, de folia, sem exceções

Devemos creditar a nossa gratidão aos romanos para tal festividade, pela vontade em romper a épica Pré-Quaresma, que fizeram do Carnaval algo sagrado no calendário brasileiro. A própria palavra carnaval é derivada do Latim carnelevare, (remover a carne), que pertence ao ritual mais tradicional de jejum ao longo de um período de quarenta dias e quarenta noites. Mas, em algum momento, os brasileiros se encarregaram de empregar um pouco de liberdade criativa e decidiram que este sacrifício seria marcado por longas noites de desfiles de rua e festas a fantasia ultrajantes. E por isso, queridos antepassados, nós agradecemos.

Is Carnival a public holiday in Brazil?Os brasileiros transformaram esta prática em uma religião, percebendo que isso tornou-se um assunto de interesse cultural global. Em suma, o Brasil ensinou ao mundo como fazer uma festa, em vez de fazer panquecas. Isso não quer dizer, é claro, que o Carnaval é um assunto exclusivamente brasileiro, mas você vai demorar a encontrar outra festividade que consiga dominar as primeiras páginas de Fleet Street de uma forma tão vivaz.

No Brasil, o impacto real do Carnaval é a entrega unânime e bastante pública de orgulho e identidade coletiva. É uma manifestação coordenada por tudo o que significa ser brasileiro; eu carnavalizo (sim, eles criaram um verbo), logo existo.

As diferenças complexas entre celebrações regionais dentro do Brasil são igualmente notáveis, ritmos e costumes são diferentes em todo o país. Nos epicentros culturais- Rio de Janeiro e São Paulo – está a marcha das escolas de samba desfilando pelo Sambódromo em busca do cobiçado troféu do Carnaval, enquanto mais ao norte, em cidades como Salvador e Recife, as ruas são tomadas pelas festas.

Deixando um pouco de lado as fantasias berrantes e a música quase sempre repetitiva, o Carnaval é cativante. Em 2011, o Carnaval do Rio de Janeiro atraiu 4,9 milhões de foliões à Cidade Maravilhosa, sendo que 400.000 deles eram estrangeiros. Todos os anos centenas de milhares de turistas de todos os lugares invadem as festas das cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife, todos na busca de extravagância e liberdade.

Não é somente uma celebração, é uma indústria, e um passo importante para uma economia que parece ter desistido da dança completamente. Mas é aí que está a dicotomia dessa sagrada folia. Como se planejado por um garoto, o Carnaval mal permite que o país livre-se da ressaca das festividades de fim de ano, e antes de terminar de desejar a todos um Feliz Ano Novo, você está sendo empurrado para mais um feriado. Não é de surpreender que os moradores muitas vezes digam que “o ano só começa depois do Carnaval”. Enquanto em outras culturas temos um Carnaval mais tradicional, muitas vezes sem ser feriado nacional, o Brasil sofre uma comoção nacional. Se isso é bom ou não é uma questão de opinião.

O único que não se tem nenhuma dúvida é o quão significativo é o Carnaval para os brasileiros. Então, sem importar se você gosta ou não de dançar, é hora de reconhecer que o ritmo do carnaval brasileiro é contagiante e definitivo (e se isso não é uma boa razão para festejar, então não sei o que seria).

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Sobre o Colunista:

Ed, inglês de 37 anos, vive em São Paulo desde 2008. É escritor, tradutor e especialista em branding internacional. Sendo pai de dois brasileirinhos, Willoughby e Jasper, ele passa grande parte de seu tempo lhes ensinando os méritos do golfe, rúgbi e críquete.