Livro “Flores Raras e Banalíssimas” marca importante período na literatura brasileira

0

Antes de começar a se falar de Flores Raras, uma linda história de amor, apresentada no livro da autora Carmen L. de Oliveira, volta-se à Grécia antiga e a origem da palavra “lesbianismo” em seu sentido amoroso, Lesbos era a ilha onde vivia a grande poetisa grega Safo, 25 séculos atrás. Reconhecida entre os nove maiores poetas líricos da antiguidade (os outros eram homens e entre eles Alceu), ela era famosa também por dedicar seus poemas de amor a outras mulheres. Safo nunca escreveu seus poemas, apenas cantava seus versos, acompanhada de uma lira, daí a poesia lírica.
O livro Flores Raras e Banalíssimas, entretanto, marca um período muito importante na literatura brasileira e também em relação às mudanças políticas no Brasil, mas o maior foco está na história de amor entre a arquiteta e a paisagista Maria Carlota de Macedo Soares (Lota), mulher dedicada e controladora, que toma forte iniciativa, tanto no campo amoroso como no trabalho, ela foi a criadora do Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro e a poetisa americana Elizabeth Bishop, que em 1951, desembarcou no Rio para uma escala de dois dias de uma longa viagem, cujo objetivo era encontrar um sentido para sua vida em crise, ao conhecer Lota, elas se apaixonam e se desenvolve uma  linda e romântica história de amor entre as duas.
Flores Raras também foi transformado em filme, produzido pelo diretor “Bruno Barreto”, lançado em 2013 e não fugiu do foco principal. Foi baseado na história real de amor entre duas talentosas mulheres, durante uma difícil época dos anos 50 e 60, desafiando uma sociedade muito conservadora da qual se exigia o casamento entre homem e mulher e que “fossem felizes para sempre”.  Este relacionamento amoroso clandestino entre Lota e Elizabeth contribuiu para uma mudança positiva no comportamento de uma sociedade conformista em relação ao LGBT.
Normas são necessárias, mas a cultura só pode ser medida pelo modo como dividimos perdas e ganhos. Neste período também aconteceu a construção e a inauguração da capital Brasília e marcou início da Bossa Nova. As personagens principais são interpretadas pelas atrizes Glória Pires (Lota Soares) e Miranda Otto (Elizabeth Bishop). A excelente interpretação dos papéis contribuiu muito para render ao filme, com muito sucesso internacional, o prêmio como o melhor na mostra do festival LGBT, realizada em 2014 no MAC, centro cultural de arte, em Birmingham (UK) e também vários prêmios no Brasil.

Compartilhar.

Sobre o Colunista:

Ciro de Lima é formado em Letras pela Universidade São Francisco - São Paulo. Vive na Inglaterra há mais de 20 anos, onde cursou Tradução/Intérprete no Goldsmiths College. Também produziu o jornal informativo "Minhoca" para a comunidade LGBT e Simpatizantes. Atualmente estuda Braille em Londres e acha este curso extremamente desafiante.