Danças e ritmos do Norte

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A região Norte do Brasil, muito rica culturalmente, tem como importante característica a presença dos povos indígenas nativos. Sua cultura tribal é muito ritualística, voltada para o místico e o divino, para o culto aos elementos e às divindades da natureza. Além dos indígenas, os negros descendentes dos africanos também têm forte influência na região. Suas danças ritmadas pelo som dos tambores e a grande preocupação em dar continuidade e importância da família negra, trazem a marca das danças tribais africanas.

Além dos indígenas e africanos, houve a mistura com tradições dos próprios europeus, religiosas ou não religiosas. Da fusão ou coexistência de traços desses povos nasceram diversas danças. Nós escolhemos alguns dos mais interessantes exemplos para apresentar a vocês, nossos leitores, como essa expressão do corpo foi e é muito importante para a cultura brasileira.

 

Boi-Bumbá

É uma vertente do Bumba Meu Boi, muito praticado no Brasil, uma das mais antigas formas de distração popular. Foi introduzido pelos colonizadores europeus, correspondendo à primeira expressão de teatro popular brasileiro.

 

O Festival de Parintins é um dos maiores responsáveis pela divulgação cultural do Boi-Bumbá, realizado desde 1913. No Bumbódromo apresentam-se as agremiações Boi Garantido (vermelho) e o Boi Caprichoso (azul), sendo destinadas a elas três horas para cada apresentação. São três noites de apresentação, nas quais são abordados, através das alegorias e encenações, aspectos regionais, como lendas, rituais indígenas e costumes dos ribeirinhos. Todos os anos, aproximadamente 35 mil pessoas prestigiam essa manifestação cultural.

 

Batuque

Tem origem no candomblé e foi implantado na Amazônia na era Colonial, da mesma forma como nas demais províncias e regiões brasileiras. O batuque é a denominação genérica dada pelos portugueses para toda e qualquer dança de negros ou qualquer dança de tambor de caráter religioso ou não. No Pará, Amapá e Amazonas, é a denominação comum para os cultos afro-brasileiros. No Amapá, o batuque assume rituais miscigenados, praticados na comunidade do Curiaú e em outras de origem negra.

 

Bangüê ou Dança dos Engenhos

Criada pelos escravos africanos que habitavam a Ilha de Marajó e o município de Cametá, a dança folclórica surgiu nos engenhos chamados banguê (engenho de açúcar, em dialeto africano). Os movimentos exagerados da dança se devem à imitação das ondulações feitas pela espuma do tacho, onde se preparava o mel de cana.

 

Camaleão

Pares separados fazem uma coreografia com passos distintos, chamados de jornadas. São duas fileiras de mulheres e homens, realizando diversos passos, os quais terminam no passo inicial. As roupas também são importantes; os homens usam fraque de abas, colete, meias longas, gravata e sapato preto. Já para as mulheres, a vestimenta é composta por saias longas, meias brancas, sapatos e blusas folgadas. A música que embala os dançarinos vem do violão, cavaquinho e rabeca.

 

Carimbó

O nome da dança é de origem indígena, com os nomes Curi, que significa pau oco, e M’bó, que significa furado. Os homens devem trajar uma calça curta no estilo pescador e uma camisa que contenha estampas. As mulheres utilizam uma saia rodada e com estampas, uma blusa, colares e flores presas aos cabelos. Os dançarinos a executam com os pés no chão.

Os homens batem palmas para as dançarinas e isso é o indício de que elas estão sendo chamadas para dançar também. Em forma de roda, as mulheres balançam a saia para que ela atinja a cabeça de seu parceiro. O ato é realizado no intuito de humilhar o homem para que ele saia da dança. Um dos momentos mais importantes ocorre quando cada casal vai para o centro da roda e o homem deve apanhar um lenço com a boca, que foi jogado no chão pelo seu par. Se o feito for satisfatório, ele recebe aplausos. Caso ele não consiga, a mulher joga a saia em seu rosto e ele deve sair da dança.

 

Lundu Marajoara

Tem origem africana e é muito sensual, pois a intenção dela é mostrar o convite do homem para ter um encontro sexual com a mulher. Primeiro, há uma recusa; porém, ele insiste e ela aceita. A  Lundu Marajoara mostra o ato com o passo da umbigada, quando acontecem movimentos de dança mais sensuais. As mulheres utilizam saias coloridas e blusas rendadas. Já os homens vestem calças de preferência na cor branca. Essa dança também recebe a ajuda de instrumentos como o banjo, cavaquinho e clarinete.

 

Marujada

A dança é uma homenagem a São Benedito e acontece em três ocasiões: Natal, dia de São Benedito e no dia 1º de janeiro. Os homens e mulheres que participam recebem o nome de marujos e marujas. Eles bailam pela cidade, reproduzindo o gesto de um barco na água. As mulheres ordenam a dança e os homens participam com os instrumentos musicais, como tambores e violinos.

 

Pretinha d’Angola

A dança das pretinhas de Angola foi trazida por escravos de Angola que se estabeleceram nas proximidades do Rio Tapajós, mais precisamente no município de Santarém. Essa dança foi muito cultivada quando as escravas africanas e suas descendentes reuniam-se na praça matriz, em frente à igreja, para a interpretação dessa belíssima manifestação coreográfica. De um modo geral, a formação para a dança é de círculo. É exclusivamente dançada por mulheres.

Foto: Divulgação

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