Abará com Vatapá – Delícias da comida Baiana

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Comida de rua ou “street food” da Bahia no Nordeste do Brasil.

Nos centros urbanos mais movimentados a comida de rua se espalha de inúmeras formas, desde ambulantes vendendo caldinhos em garrafas térmicas de café até barracas com cadeiras de plástico numa esquina. Eu sempre falo que para descobrir a culinária e costumes de uma cidade ou região é preciso primeiro analisar a sua comida de rua.

Cada cidade brasileira tem a sua especialidade. No Pará, por exemplo, o tacacá (sopa feita do líquido extraído da mandioca), que é servido numa cuia, é um “street food” super popular, que diz muito da culinária indígena paraense.

A minha receita dessa edição é do “street food” mais famoso e autêntico da Bahia. Nela você ver a representatividade da culinária africana e suas origens tornando a culinária brasileira autêntica com essa imensidão de influências culturais que se agrega a ela.

 

Abará com vatapá 

As baianas que vendem acarajé em Salvador começam a arrumar suas barracas nos dias de semana por volta das 4 da tarde. O ritual começa ao se vestir: umas colocam saia longa e bata, mas o mais tradicional é o vestido branco rodado e bordado (uma indumentária tradicional dos terreiros de Candomblé). O bordado pode ser simples ou mais luxuoso. Na cabeça um ojá (turbante) e no pescoço as guias ou fios de contas feitos de miçangas, onde cada cor representa um orixá.

No tabuleiro de madeira se encontra o abará e o famoso acarajé que é a mesma massa do abará, mas frito ao invés de cozido no vapor. Para acompanhar o acarajé ou o abará tem carurú (quiabo), vatapá, salada, camarão seco e pimenta. A pimenta é violenta, então vá com cuidado – a baiana coloca a quantidade de pimenta de acordo com o sotaque de quem pede, rsss.

Quando as pessoas saem do trabalho ou vão à padaria comprar o “cacetinho” (nome do pão de sal na Bahia), é a hora em que as pessoas não resistem aos deliciosos quitutes. Eu sempre fico na dúvida qual comer. Quem é baiano sabe o que estou falando. Acarajé ou abará, abará ou acarajé? Eu acabo comendo os dois!

 

Receitas

Abará  (Rende 12 abarás médios)

  • 300g de feijão fradinho sem casca (encontrado já descascado nas lojas africanas)
  • 2 cebolas brancas grandes
  • 50g de camarão seco (encontrado nas lojas asiáticas)
  • 4 colheres de azeite de dendê
  • Sal a gosto
  • Folhas de bananeira

Coloque o feijão por 10 horas em água fria. Escorra e coloque no processador com a cebola, o camarão, o sal e o dendê. Bata por 5 minutos. Corte a folha de bananeira em um retângulo de 30cm X 20cm. Abra a folha na vertical com a sua mão e coloque 3 colheres da massa. Feche um lado da parte de baixo e cruze com a outra parte de baixo. Vire para trás as duas partes cruzadas. Repita o processo de fechar na parte de cima. Cozinhe no vapor por 10 minutos.

 

Vatapá 

  • 5 pães de forma branco sem casca
  • 200 ml de caldo de camarão
  • 600 ml de leite de coco
  • 1 gengibre médio picado
  • 1 cebola branca cortada
  • 2 dentes de alho picados
  • 2 tomates sem pele e sem semente
  • 50g de camarão seco sem cabeça
  • 50g de amendoim
  • 20g de castanha
  • 2 pimentas sem semente
  • 3 colheres de azeite de dendê
  • Sal a gosto

Coloque o pão com o caldo de camarão e o leite de coco. Refogue na panela a cebola, o gengibre, o alho, a pimenta e os tomates. Coloque o camarão, o amendoim, a castanha e o pão amolecido com o líquido. Cozinhe por meia hora sem parar de mexer (por isso baiana tem braço forte, é de bater massa de acarajé e fazer vatapá) até começar a engrossar. Bata no liquidificador. Se estiver muito grosso coloque mais leite de coco. Prove e coloque sal se necessário. Quando virar uma pasta, a consistência está boa.

Coloque o abará e o vatapá em um prato. Sirva com um vinagrete e camarão seco. Eu particularmente só como com vatapá e vinagrete. A acidez do vinagrete corta a gordura do dendê.

 

Bom apetite e muito axé!

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Sobre o Colunista:

A missão de Luciana Berry como chef no Reino Unido é mostrar os sabores e ingredientes exóticos que são essenciais para a culinária brasileira. Ela é uma embaixadora da culinária e da cultura brasileira no Reino Unido. Combinando técnicas culinárias modernas e clássicas para oferecer sabores impressionantes, porém sutis, de um país que até agora poucos chefs exploraram com sucesso.