Nasce uma Estrela: Noel Coward

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A criatividade e ousadia de um compositor, diretor, ator e escritor muito adiante do seu tempo

Por Ciro de Lima

A figura masculina, no passado, teve um papel marcante nos teatros. Houve, inclusive, um número grande de homens gays e bissexuais que muito contribuíram à dramaturgia, mesmo que fosse uma época em que a homossexualidade era considerada uma doença e até mesmo um crime. Um ano antes da morte do teatrólogo Oscar Wilde, nasceu mais uma estrela do teatro, cinema, música e poesia: Noel Coward.

Coward nasceu no dia 16 de dezembro de 1899 em Londres. Aos 11 anos, já se destacava como um excelente dançarino na escola de artes dramáticas onde estudava. Em sua carreira alcançou grande sucesso como compositor, diretor e escritor, publicando mais de 50 peças de teatro, a maioria delas iniciadas já no período de sua adolescência. 

Em 1942, ganhou um Oscar Honorário com o filme: “In Which We Serve” (“Nosso Barco, Nossa Alma”). Anos depois, em 1959, foi condecorado “Sir” Noel Coward, título emérito da sociedade real britânica, concedido pela rainha Elizabeth II.

Escreveu, desde o começo do século 20 até a data da sua morte, em 1973, várias obras ousadas, dentre elas filmes e peças teatrais frequentemente bem humoradas e espirituosas, além de outras com profundos temas românticos. Uma das peças com maior destaque foi a homônima “The Vortex” (1924), na qual ele também atuou e que lhe rendeu muito prestígio no mundo do teatro pela atuação e roteiro; foi também uma das suas obras mais bem sucedidas comercialmente. Outras peças que o alavancaram foram as que compõem a trilogia “Private Lives” (“Vidas Privadas”, 1930), exibidas no Brasil em 2014, dirigidas pelo renomado diretor de teatro José Possi Neto, em São Paulo.

Graças ao seu talento, foi muito influente no meio artístico durante a Segunda Guerra Mundial e, por isso, foi secretamente incluído na “lista negra” dos nazistas, para ser preso e executado assim que a conquista do Reino Unido se concretizasse. O fato de um homossexual (mesmo não assumido) ter tido tamanho sucesso, foi de extrema importância para a comunidade gay. Algumas de suas músicas e roteiros, inclusive, contavam com declarações firmes do eu lírico para o seu amado; considerando a época, de covarde o autor não tinha nada.

Noel teve a homossexualidade revelada somente após sua morte, na biografia escrita pelo seu namorado de longa data, o cantor e ator Graham Payn. Coward foi um gênio que viveu tempos em que a intolerância, preconceito, ignorância e opressão aos LGBT’s tinham papéis muito fortes na sociedade. Mesmo assim, deixou um imenso legado de amor, educação, requinte e resistência.

Atualmente pessoas que assumem sua orientação sexual já não podem ser ignoradas, mas não se pode esquecer que o ato de se assumir não é uma obrigação e sim uma escolha individual. Sir Noel Coward, muito obrigado! Fica aqui uma frase repleta de sofisticação, dentre muitas das quais ele criou:

“Por que eu beberia champanhe no café da manhã? Não é o que todo mundo faz?”.

Tim-Tim!

 

Fotos: Divulgação BBC e Westminster Abbey (Wilding Dorothy)

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