O crescimento do Rúgbi no Brasil

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Com uma administração profissional e a presença de sua Seleção Nacional nos jogos Rio 2016, o rúgbi ganha cada vez mais fãs e praticantes no Brasil.

O rúgbi é um esporte de muito sucesso na Inglaterra, é verdade. A novidade é que está se tornando um esporte bastante praticado no Brasil também. Claro que, comparando com o futebol, os seus números ainda parecem modestos. Mas quando olhamos para as curvas de crescimento de times, de jogadores, de torneios e, principalmente, para os resultados alcançados, que incluem até títulos da equipe feminina – campeã invicta por diversas vezes do campeonato Sul-americano de Rúgbi Feminino, na modalidade Seven-a-side –, já dá para ficar bastante animado.

Segundo pesquisa da Deloitte, importante consultoria internacional, o rúgbi é um dos esportes que mais crescem no Brasil. Um dos fatores que contribuiu para este crescimento foi o retorno da modalidade para os Jogos Olímpicos Rio 2016 – o rúgbi não era esporte olímpico desde 1924.

No País, o esporte é coordenado, desde dezembro de 1972, pela Confederação Brasileira de Rugby (CBRu) – que anteriormente se chamava Associação Brasileira de Rugby (ABR) –, entidade responsável pela disseminação e organização dos torneios. Segundo dados da CBRu, em 2004, havia 5.400 praticantes. Em 2010, ano da última pesquisa, este número já havia subido para 30 mil e a projeção é de que até o fim deste ano o número ultrapasse os 60 mil praticantes.

Governança

Hoje, o Brasil é o 34º colocado no Ranking Internacional de Rugby, ficando atrás de países como Argentina (10°), Uruguai (21º) e Chile (26º). Mas o projeto das entidades brasileiras e internacionais de rúgbi, como a International Rugby Board (IRB), a Fifa do rúgbi – que vê o Brasil como um importante participante para ampliar a disseminação deste esporte na América Latina – é ajudar o Brasil a se tornar, pelo menos, o segundo país no ranking, atrás apenas dos hermanos argentinos.

O que certamente deverá ajudar neste sentido é o modelo de gestão do rúgbi no Brasil. Aqui, a CBRu não tem um presidente, mas, sim, um CEO, um executivo, com uma equipe também profissional, remunerada e com metas e cobranças, responsáveis pela governança corporativa do rúgbi, tal e qual uma empresa.

O resultado é que, nos últimos seis anos, o orçamento anual da entidade passou de R$ 30 mil para R$ 20 milhões – o mesmo de esportes bem mais tradicionais como, por exemplo, o handebol. Esta verba vem de 23 empresas (algumas bem grandes, como Bradesco, Topper, Heineken, Dove, Kibon etc.) que já olham para o rúgbi como uma alternativa a outros esportes mais consolidados e, consequentemente, de patrocínios mais caros. Também a inclusão do Brasil como sede de torneios internacionais demonstra o crescimento do rúgbi nacional. Na TV por assinatura, a audiência do esporte já equivale a de esportes que possuem histórico tradicional, como o basquete e o futsal.

Atualmente, no Brasil existem seis federações filiadas ao CBRu, nos Estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, e vários campeonatos são disputados pelos clubes, tanto nacionalmente quanto na América do Sul. São 20 equipes cadastradas na CBRu, além dos times universitários, que somam mais de 15. Nos clubes, mais de 2.800 atletas (2.500 homens e 300 mulheres) estão credenciados. O maior contingente ainda está no Estado de São Paulo, que tem vários clubes tanto na capital como no interior – em Campinas, Piracicaba e São José dos Campos, por exemplo – e é possível contar muitos campos de rúgbi em outros Estados brasileiros.

Para o CEO da CBRu, Sami Arap Sobrinho, as Prefeituras de todo o Brasil deveriam incentivar o rúgbi a ser mais praticado nas escolas. “Ele é uma ferramenta de educação, através de seus valores de respeito, lealdade, camaradagem, jogo em equipe, comunicação e transparência. É uma escola de vida, um ambiente altamente familiar e um mecanismo de inclusão social”, diz o executivo, que planeja o desenvolvimento da modalidade no Brasil para que a Seleção Nacional se classifique para a Copa do Mundo de Rugby de 2023. A seleção brasileira de rúgbi segue os passos das equipes de outros países e, para tanto, ganhou também uma marca e um apelido: o time do Brasil é chamado de “Tupis”. Os “Tupis” estão classificados para disputar os Jogos Olímpicos Rio 2016, quando o rúgbi regressa ao programa olímpico, na modalidade Sevens, com sete jogadores.

Atualmente, um bom jogo da Seleção Brasileira de Rúgbi leva cerca de 5 a 6 mil torcedores ao estádio. Como se vê, comparando com o futebol, os números absolutos são modestos, mas o crescimento é fantástico!
O Rúgbi no Brasil
O rúgbi chegou ao Brasil na mesma época que o futebol, e, curiosamente, pelas mãos da mesma pessoa. A primeira equipe da qual se tem registro foi formada em 1891, no Rio de Janeiro: o Clube Brasileiro de Futebol Rugby, que teve vida curta. Em 1895, o rúgbi foi jogado em São Paulo por iniciativa de Charles Miller, brasileiro de família inglesa, que estudou na Inglaterra e, em seu retorno, promoveu em São Paulo esportes britânicos, como o futebol, pelo qual ficou mais conhecido, e o rúgbi, estando à frente do São Paulo Athletic Club. Porém, o rúgbi não teve continuidade, sendo jogado apenas ocasionalmente, sobretudo por britânicos, em várias cidades do país. Foi apenas nos anos 20 que passou a ser jogado com maior regularidade em São Paulo e Rio de Janeiro, com a criação de clubes e a promoção de partidas entre seleções dos dois Estados. Entre os grandes fomentadores da organização do rúgbi brasileiro naquele período estavam o escocês Jimmy Macintyre e o inglês Gordon Fox Rule, que criaram, em 1925, o São Paulo Rugby Football Club, logo associado à Associação Atléticas das Palmeiras. No Rio de Janeiro, o rúgbi ganhou espaço no Rio Cricket and Athletic Association, em Niterói. A partir de 1927, as seleções de São Paulo e Rio de Janeiro passaram a se enfrentar anualmente disputando a Taça Beilby Alston, em homenagem ao embaixador britânico. Nos anos 30, o Brasil se tornou rota para alguns times internacionais, com uma seleção brasileira sendo formada para jogar contra os Junior Springboks (a segunda seleção da África do Sul), em 1932; e contra a Seleção Britânica (os Lions), em 1936. O rúgbi foi interrompido durante a Segunda Guerra Mundial quando boa parte dos praticantes era de estrangeiros, mobilizados pelo conflito. Em 1963, foi criada a União de Rugby do Brasil (URB), tendo o irlandês Harry Donovan como presidente. No ano seguinte, o Campeonato Brasileiro foi criado e o São Paulo Athletic Club, que desde a retomada do rúgbi nos anos 40 era o principal fomentador da modalidade, foi sede do Campeonato Sul-Americano. O Brasil foi vice-campeão, inaugurando o primeiro campo exclusivo do esporte no País. Até os anos 60, o rúgbi era quase restrito a estrangeiros ou brasileiros filhos de estrangeiros, sobretudo britânicos, e japoneses, franceses e argentinos eram parcela significativa dos praticantes deste esporte no Brasil. Foi apenas a partir dos anos 70 que o rúgbi passou a ganhar mais adeptos entre os brasileiros.

Links interessantes

Site para quem quer começar a praticar – Portal do Rugby

Site da Confederação Brasileira de Rugby

Site das Meninas que Jogam Rúgbihttp://rugbydecalcinha.com.br/

Campanhas de TV para estimular e divulgar o rúgbi no Brasil

https://youtu.be/txAvEG6bd5U

https://youtu.be/53Pzp4VYRik

https://youtu.be/UEMlHK5OGUI

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