Um rápido bate-papo com Nina Miranda

0

BBMag – Vamos começar do início: de onde você é, onde morou e onde mora agora?

Nina Miranda – Nasci em Brasília, Brasil, em 1970 e morei em diversos lugares: Brasília, Kent, Petrópolis, Rio, Londres, Toulouse, Londres, Bath, Londres, Rio e agora de volta a Londres, onde moro desde 1996.

 

BBMAG – Conte-nos sobre sua família e sua infância.

Nina Miranda – Muito movimentada! Meus avós eram da China e da Austrália, minha mãe nasceu no Irã. Ela conheceu meu pai em Paris em 1968. Na época eles eram estudantes, ambos são pintores hoje em dia. Meu pai é do Rio de Janeiro. Seu pai era arquiteto, trabalhou com Oscar Niemeyer e Lucio Costa na construção de Brasília.

 

BBMAG – Qual a sua ligação com o Brasil hoje?

Nina Miranda – Através da música continuo em contato com o Brasil. Minhas músicas são minhas cartas de amor para o Brasil. Eu adoro todos os aspectos da cultura brasileira, desde capoeiristas até artistas de rua.

 

BBMAG – Qual a sua ligação com o Reino Unido?

Nina Miranda – Nós mudamos pra Londres em 1978. Ainda quando criança no Brasil, eu ouvia Rock n’ Roll, sobretudo os Beatles. Eles cantavam “Strawberry Fields” e “All you need is Love”, então eu imaginei que o Reino Unido fosse assim com campos de morangos e muito amor. Pra mim foi um choque no início. Mas mais tarde, entendi que se projeta na arte aquilo que queremos ver, uma realidade alternativa. Acho que os Beatles me ajudaram a entender isso…

 

BBMAG – Como você vê o Brasil e o estilo de vida brasileiro hoje?

Nina Miranda – O Brasil passou e passa por momentos difíceis, mas ainda acreditamos num futuro melhor. Espero que uma nova era de empatia chegue e que se dê prioridade à educação e à coletividade.

 

BBMAG – E a música brasileira no Reino Unido?

Nina Miranda – A cena musical de Londres é muito vibrante. Existem eventos que tornam possível que pessoas como eu morem aqui, mas que ainda continue ligada às minhas raízes. Brasil e Reino Unido se encaixam culturalmente.

 

 

BBMAG – Por que você acha que existe tanto interesse na música e nas artes brasileiras aqui no Reino Unido?

Nina Miranda – Ritmo, swing e balanço: o Brasil tem tudo isso. É um caldeirão de influencias. Ritmos da África, folk da Europe, jazz dos EUA… A maioria dos brasileiros tem um violão em casa: as pessoas não têm vergonha de cantar e dançar, faz parte da cultura. Em compensação, Europa e EUA deram Hip-hop, Trip hop, Lounge, Funk, Jungle and Drum n‘ Bass, inspirando novas gerações de brasileiros a reavaliar e a redefinir a sua música.

 

BBMAG – Quando você reconheceu que tinha talento para a música?

Nina Miranda – Entendi que poderia compor músicas facilmente quando comecei a trabalhar com novas pessoas. No início do Smoke City, tive muitas colaborações, uma hora com Nitin Sawhney, outra com Guy Sigsworth, mais ai a gravadora do momento pediu exclusividade. Mais a uns anos estou  de volta ao fértil tempo de colobarações sem fronteiras.

 

BBMAG – Conte-nos sobre sua carreira e como tudo começou?

Nina Miranda – A primeira vez que gravei em estúdio foi em 1990 com Nigel Godrich (produtor do Radiohead), antes disso gravei com Sweatmouth, um grupo que fazia fusão de hip-hop com ritmos brasileiros. Meu grande sucesso veio com Smoke City; uma música chamada Underwater Love chamou a atenção de diversas gravadoras.

 

BBMAG – Você está trabalhando em alguma música nova no momento?

Nina Miranda – Estou trabalhando numa música para Gilles Peterson, alguma coisa com Jean Monkey Jhayam (com alguns membros da Nômade Orquestra de São Paulo) e Arícia Mess, uma fantástica artista brasileira. Também estou trabalhando no meu novo disco.

 

BBMAG – Você tem shows programados aqui no Reino Unido?

Nina Miranda – Acabei de fazer um filme para promover o novo disco, então vamos começar a propor para os produtores de shows. Fiz um show experimental “happening” recentemente num espaço incrível com pinturas, 8 músicos ao vivo, projeção de filmes, arte e muitas cores quentes e formas fortes para inspirar a criatividade dos visitantes. Foi lindo, estou fechando a data para o próximo. Vou ao Brasil estrear meu disco na “Audio Rebel” no Rio de Janeiro dia 22 de Fevereiro. Volto a Porto para fazer um “take-over”, no cinema, sala de concerto e noite noturna “Passos Manuel”. Depois foco na minha banda de Londres para shows mais poderosos – Let’s go! Se alguém quiser ir, é só visitar minha página que encontrará todos os detalhes www.ninamiranda.com

 

BBMAG – Quais artistas brasileiros e internacionais, do passado e do presente, são inspiração para você?

Nina Miranda – Tom Zé, Rita Lee, Edu lobo, Sergio Mendes Brazil 66 & 67, Carmen Miranda, Jorge Ben, Billie Holiday, Chic, Grace Jones, Ian Dury & The Blockheads, Earth Wind & Fire, Joni Mitchell, The Beatles, Talking Heads, Osibisa, Ile Ayé, Olodum, Cortejo Afro, Orquestra Imperial, e tantos outros!

 

BBMAG – Que conselho você daria para os jovens músicos e artistas que estão começando?

Nina Miranda – SEJA VOCÊ MESMO, NÃO TENHA MEDO: SEJA ORIGINAL, ESCUTE MUITA MÚSICA! Descubra a sua conexão com as pessoas… inspirem e encorajem uns aos outros. Quando formar uma banda, reúna primeiro os corações dos participantes e depois o talento deles. Se alguém pisotear constantemente sua autoestima, afaste-se dele.

 

BBMAG – Finalmente, quais são seus novos desafios?

Nina Miranda – Alguma coisa na TV… não tem muita musica na TV, somente talent shows, mas eles procuram mais por um certo tipo de imagem, do que propriamente pelo talento. As pessoas precisam ver alguma imperfeição, na verdade nada é perfeito… eu diria que encontrar algo próximo da perfeição imperfeita é o que me faz seguir adiante.

Compartilhar.

Sobre o Colunista:

BBMAG is the only London-based bilingual publication specialised in Brazilian and Latin American lifestyle. BBMag is free to all UK based readers ensuring that all our sponsors and advertisers benefit from 100% awareness to our given distribution audience made up of governments and establishments, industry organisations, bars and restaurants, arts centres, schools, cinemas, theatres, shows, festivals, events’ venues and many more...