Rio 2016, Jogos Olímpicos para a história

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O Brasil é o primeiro país da América Latina anfitrião das Olimpíadas, a secular e tradicional competição esportiva de origem grega

Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos têm a participação de esportistas e atletas de todo o mundo. Organizados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), com sede em Lausanne, na Suíça, a cada quatro anos um país-sede diferente é escolhido para receber as competições. Neste ano, os Jogos Olímpicos serão disputados no Rio de Janeiro, de 5 a 21 de agosto. É a primeira vez que os Jogos Olímpicos acontecem na América do Sul. Outra novidade é a descentralização dos jogos de futebol da cidade-sede, o Rio de Janeiro. Como o Brasil sediou a Copa do Mundo de 2014, o que resultou na construção/reforma de doze arenas esportivas padrão FIFA, toda esta infraestrutura nova e moderna será utilizada.

São esperados cerca de 11.000 atletas, de mais de 200 países, que disputarão 39 diferentes modalidades. Até o fechamento desta edição, a Equipe do Reino Unido (Team GB) já havia confirmado a participação de 128 atletas, em 11 modalidades. No entanto, outros esportistas ainda buscavam seus índices olímpicos para os Jogos Rio 2016.

Futebol descentralizado

O futebol, uma paixão comum a ingleses e brasileiros, terá os seus jogos disputados em seis sedes diferentes. Brasília, Capital Federal do Brasil, terá o privilégio de receber os dois primeiros jogos do Brasil pelo torneio masculino, contra a África do Sul e Iraque. A cidade vai sediar também um jogo das quartas de final (um do torneio feminino e outro do masculino).

O Team GB terá como sede Belo Horizonte, aonde se hospedarão e treinarão. A cidade terá grandes jogos na primeira fase do torneio masculino: a rodada dupla com Argélia x Portugal e Fiji x Alemanha. No torneio feminino, o Mineirão verá em ação a seleção dos Estados Unidos, atual bicampeã Olímpica. A cidade de Manaus receberá jogos de seleções fortes no torneio masculino – uma delas, a Suécia, que não poderá contar com o craque Zlatan Ibrahimovic, que anunciou, recentemente, que se retirava do futebol internacional.

 

No Rio de Janeiro, o Estádio Olímpico será o palco dos dois primeiros jogos da Seleção Brasileira feminina: contra a China e o “clássico” contra a Suécia. O Maracanã, considerado um dos estádios mais célebres do mundo, verá as finais e uma das semifinais de cada torneio (masculino e feminino). A torcida da Bahia vai se reencontrar com o futebol alemão (com quem criou laços na Copa do Mundo de 2014) que fará dois jogos, na Arena Fonte Nova: contra o México, atual campeão Olímpico, e contra a Coreia do Sul. Salvador sedia ainda dois confrontos pelas quartas de final: um no masculino, outro no feminino.

Em São Paulo, o estádio do Corinthians – onde ocorreu a abertura da Copa do Mundo 2014 – vai receber os jogos do torneio feminino na primeira fase. Pelo torneio masculino, haverá dois jogos pelo grupo do Brasil. Depois da primeira fase, São Paulo ainda vai sediar outras quatro partidas importantes, incluindo a semifinal do torneio masculino.

Legado

Os jogos Rio 2016 apontam, segundo as estimativas do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), que o país receberá entre 300 e 500 mil visitantes estrangeiros, devendo movimentar até US$ 1,05 bilhão em turismo, apenas no que se refere a visitantes estrangeiros. A estimativa leva em consideração o levantamento do Ministério do Turismo, que calculou o gasto médio do estrangeiro durante a Copa do Mundo de 2014: U$ 2.000.

Conforme dados da Empresa Olímpica Municipal, estima-se que apenas a “Família Olímpica” – formada por funcionários credenciados, desde jornalistas até árbitros e membros do COI – deverá ocupar 37 mil vagas em hotéis, além de 7,4 mil quartos em Vilas de Acomodação.

O grande legado que esta competição deixará para a cidade carioca está na área de mobilidade urbana, com a construção de BRTs (Transporte Rápido por Ônibus, da sigla em inglês Bus Rapid Transit), a ampliação de uma das linhas do metrô, obras de VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), entre outras melhorias no trânsito, como desvio de mãos, recapeamento de vias, melhorias de sinalização etc., sem contar a influência positiva que todo esse conjunto de atividades pode gerar na população, particularmente em jovens e crianças. Várias iniciativas podem ser implementadas com o objetivo de incluir toda a sociedade em ações esportivas, como programas sociais em comunidades, campanhas de atividades físicas e jogos nas praias e escolas durante os fins de semana, entre outras.

Além disso, o Rio de Janeiro é sede também das Paralimpíadas e, por esta razão, a cidade se preparou para atender aos atletas e aos turistas com necessidades especiais, por meio da implementação da Lei nº 13.146, que estabelece orientações de adaptações de vias públicas, inclusão de sinalização para deslocamentos de deficientes visuais e diversas orientações de recursos necessários para a perfeita mobilidade e acessibilidade. Os Jogos Rio 2016 vão acabar, mas todo este legado permanecerá.

Para Alexandre Coelho, professor de Marketing do curso de administração da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, “o maior desafio é o sucesso na coordenação entre os vários tipos de autoridades, patrocinadores e empresas contratadas.” E este desafio foi superado pelo Rio de Janeiro, envolvendo execução de obras de infraestrutura e de equipamentos esportivos, operações logísticas, sofisticados planos de segurança e o perfeito funcionamento dos instrumentos de comunicações, exigindo grande complexidade de gestão. O resultado foi um aumento do PIB e da geração de empregos, ainda que temporariamente, durante o período das competições. Para o Brasil, tão importante quanto as medalhas serão as lições que forem bem aprendidas.

Belo Horizonte, a casa brasileira do Team GB

Os benefícios diretos e indiretos da recepção de uma equipe olímpica/paralímpica estrangeira podem ir além de todas as dádivas proporcionadas ao esporte e de incentivo ao turismo – que por si só já justificariam qualquer ação. Há uma natural inclusão dos setores de relações internacionais das instituições envolvidas e são muitos os frutos dessas parcerias.

Uma delas foi com o Programa BEE 2016, da Bee Sport Network. A brasileira Anna Pimenta, presidente e diretora-executiva da empresa, explica que o processo é complexo e bastante abrangente. “Trabalhamos na recepção de equipes estrangeiras para treinamentos pré-jogos. Para que a ação seja assertiva, o Centro de Treinamento precisa estar preparado de forma integrada. Visitamos a instalação, avaliando seus atrativos, visando equipes olímpicas e paralímpicas, e orientamos a comunicação, de acordo com os interesses da instituição e quais são os possíveis tipos de negociação. Mas a receita básica é simples: integração. Ela por si só já é um grande aprendizado”, diz Anna.

Organizar essa visita de reconhecimento envolve uma estratégia de contatos, preparação, informação e organização. Várias possibilidades surgem relacionadas ao desenvolvimento social e econômico entre equipes e seus países, que abrangem variadas áreas de interesse mútuo, como economia criativa e mobilidade social.

Antes da chegada das delegações, é preciso que tudo referente à vinda de uma equipe esteja alinhado e preparado para recebê-la. Neste trabalho prévio de alinhamento entre as partes é preciso muita atenção aos detalhes, com um planejamento que vai desde o equipamento esportivo a ser utilizado pelo atleta até a sua alimentação nesse período. Na fase de aclimatação, o atleta deve ter conforto e tranquilidade, para que isso influencie positivamente o seu rendimento na competição. “Ter um local no hotel com uma área aberta para que ele possa relaxar, ter um kettle (típica chaleira inglesa) no quarto, ou mesmo uma iluminação frequente para o atleta paralímpico nos corredores de um hotel, por exemplo, são detalhes que contam para garantir aquele centésimo que pode levar à medalha”, conclui a presidente da Bee Sport Network.

montagemJogos mais do que especiais

Os Jogos Paralímpicos são o maior evento esportivo mundial envolvendo atletas com limitações físicas (de mobilidade, amputações, cegueira ou paralisia cerebral). Realizados pela primeira vez em 1960, em Roma, na Itália, têm sua origem em Stoke Mandeville, na Inglaterra, onde ocorreram as primeiras competições, como forma de reabilitar militares feridos na Segunda Guerra Mundial.

O sucesso das competições proporcionou um rápido crescimento ao movimento paralímpico que, em 1976, já contava com 40 países. Naquele mesmo ano, foi realizada a primeira edição dos Jogos de Inverno, possibilitando a prática de esportes em alto nível.

Os Jogos de Barcelona, em 1992, representaram um marco para o evento, já que pela primeira vez os Comitês Organizadores dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos trabalharam juntos. O apoio do COI após os Jogos de Seul, em 1988, proporcionou a fundação, em 1989, do Comitê Paralímpico Internacional e, desde então, os dois órgãos desenvolvem ações conjuntas. Finalmente, em 2001, o COI e o Comitê Paraolímpico Internacional (IPC) se comprometeram que as cidades escolhidas como sede dos Jogos Olímpicos realizassem também os Jogos Paralímpicos.

Hoje, 27 modalidades compõem o programa dos Jogos Paralímpicos: 25 já foram disputadas e duas, canoagem e triatlo, irão estrear no Rio 2016, também conhecidos como Jogos da XV Paralímpíada de Verão e serão realizados entre os dias 7 e 18 de setembro. Além de modalidades adaptadas, como atletismo, natação, basquetebol, tênis de mesa, esqui alpino e curling, há esportes exclusivamente paralímpicos como bocha, goalball e futebol de cinco.

As provas serão disputadas em quatro áreas diferentes no Rio de Janeiro (Barra da Tijuca, Deodoro, Maracanã e Copacabana). Outra novidade foi a criação, pela primeira vez na história, de pictogramas exclusivos dos Jogos Paralímpicos: as modalidades foram representadas em desenhos com fundo em formato do Morro do Pão de Açúcar. Também fazem sucesso o Vinicius e o Tom, as mascotes oficiais dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, batizados em homenagem à dupla que compôs o sucesso musical Garota de Ipanema.

No Reino Unido, o Channel 4 irá transmitir os Jogos Paralímpicos, oferecendo mais de 500 horas de cobertura.

Você sabia?
O presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) é um britânico! Sebastian Coe, que hoje atua nos bastidores dos esportes olímpicos, também foi atleta olímpico e disputou a final dos 800m rasos masculino nos Jogos de Moscou 1980.

Você sabia?
A pira olímpica foi acesa pela primeira vez em 1928, nos jogos de Amsterdã, na Holanda. No entanto, o revezamento da tocha só começou a existir em 1936, em Berlim, na Alemanha. No início, apenas competidores de atletismo levavam a tocha. Atualmente, cada vez mais, o transporte da tocha durante o revezamento é também uma “competição informal” de meios de transporte. Em Londres 2012, a tocha fez os percursos mais criativos: esteve na London Eye, andou a cavalo, foi transportada pela Barca Gloriana no Tâmisa, fez rafting e até de balão voou!

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