Conheça Nagyla – A Rainha das coxinhas

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Elas são deliciosas. Desmancham na boca. Tipicamente brasileiras. Quem já provou, não dispensa nunca mais. Quem mora em outro país e não é fã de enfrentar a cozinha, morre de saudade porque dá trabalho pra fazer. Elas são as coxinhas de galinha. Em Londres, as mais requisitadas em festas e eventos são preparadas pela Nagyla. Vamos conhecer essa “rainha das coxinhas”?

BBMag – Nagyla, nos conte um pouco da sua infância: onde você nasceu, viveu, se você tem uma família grande…

Nagyla – Primeiramente não me considero uma rainha das coxinhas. Não sou fã de título porque no mercado tem pessoas que fazem coxinhas tão boas quanto as minhas. Quando me chamam de rainha das coxinhas eu fico tímida. Eu procuro fazer bem o meu trabalho para poder agradar os meus clientes. E rainha aqui em Londres só tem uma que se chama Elisabeth, né! Rsrs.

Eu nasci em Teófilo Otoni-MG, acidentalmente. Minha mãe foi fazer compras para o meu enxoval e eu acabei nascendo por lá. Fui criada em Pavão-MG onde os meus pais residem até hoje. Pavão e uma cidadezinha bem pequena com pouco mais de 8.000 habitantes. E passei parte da minha adolescência em Ipatinga-MG, de onde vem a família da minha mãe. Meu coração pertence a estas três cidades por fazerem parte da minha história. A minha infância foi maravilhosa, nos éramos livres e brincávamos muito. Confesso que eu era muito arteira, rsrs, mas as nossas artes eram saudáveis. Pavão é uma cidade bem pequena, onde todos se conhecem e todos me conhecem. A minha família é bem conhecida na cidade e cidades vizinha por meus pais serem políticos. Tenho uma família média, somos cinco irmãos, e um já não se encontra entre nós.

BBMag – E você já se interessava pelas panelas e receitas quando era pequena? Ou foi algo que surgiu mais tarde?

Nagyla – Não, nunca me interessei pelas panelas, a minha mãe é que cozinha maravilhosamente, sempre foi muito elogiada e era ela quem sempre comandava o fogão. Aonde ela chega ela vai direto para a cozinha. Rsrs. Como os meus pais eram envolvidos em política, em casa se cozinhava o dia todo para pessoas que vinham das fazendas para cidade e quem mais chegasse, era tipo a casa da mãe Joana. Rsrs. Cozinha está no sangue da família. O interesse por cozinhar veio quando saí do Brasil em 2002, foi aí que descobri que eu nasci sabendo cozinhar sem nunca ter cozinhado. Rsrs.

Varias coxinhas em Londres

BBMag – O que te trouxe a Londres?

Nagyla – Em 2000 eu tinha um namorado que foi para Portugal e me chamou para ir com ele. No início eu resisti e a minha mãe não queria que eu fosse, mas depois de quase dois anos que este ex-namorado estava lá, eu fui. Lembro que um dia eu estava em uma agência para enviar dinheiro para o Brasil e tinha um rapaz atrás de mim que disse que queria vir para Londres, eu virei para trás e disse a ele: eu vou para esse lugar! Mesmo sem nunca ter ouvido falar de Londres,  disse que viria para cá, e um mês depois eu estava em Londres sem saber falar  Hi e nem Bye em inglês.

BBMag – Mas você já chegou aqui com a ideia dos quitutes brasileiros? Ou fez outras coisas antes de se dedicar a isso?

Nagyla – Não, eu não fazia a mínima ideia do que eu iria fazer, cheguei em dezembro de 2005 com uma reserva para três dias em um hotel, eu não conhecia ninguém aqui. Trabalhei como cleaner e depois de pouco mais de um ano comecei a trabalhar em um restaurante inglês, em Convent Garden. O amor pela cozinha veio naturalmente, como eu já disse, acho que já nasci sabendo cozinhar, rsrs. Eu ainda não falava bem o inglês, mas sabia o que tinha que fazer, pois tinha uma lista na parede, em inglês e português, com o nome de tudo que existe em uma cozinha. Eu saía de casa às 4 da manhã, limpava dois pubs e depois ia para o restaurante às 11 da manhã. Em alguns dias da semana eu saía do restaurante à meia-noite e, no dia seguinte, às 4 da manhã já estava de pé novamente. E mesmo com esta rotina de segunda a segunda eu estava sempre sorrindo, sempre de bom-humor, nunca fui uma pessoa de ficar lamentando ou reclamando da vida. Claro que tinha momentos em que eu ficava triste e, quando estes momentos vinham, eu desviava o meu pensamento para o meu objetivo que era construir uma família, ter o meu próprio negócio e ter o meu filho comigo, foram nove longos anos sem vê-lo (agora as lágrimas caíram), mas antes de tê-lo aqui comigo eu precisava criar um base, uma estrutura. Em 2008 conheci o meu marido e eu, como uma boa mineira, queria impressioná-lo com a culinária de Minas. “Peguei” ele pelo estômago fazendo um frango com quiabo, rsrs, é um dos pratos favoritos dele. Casei, fiquei sete anos como dona de casa, e neste período fui ao Brasil e trouxe o meu filho para perto de mim. Depois que organizei a minha família, falei para o meu marido: cansei de ser dona de casa, estou ficando entediada, preciso fazer algo. Em 2012 fiz alguns cursos na área de estética, gostei muito, mas não era algo que me preenchia 100%. Por mais que amasse as panelas, eu resistia em fazer algo na área porque cozinha te prende muito, mas não tive como me escapar dela, rsrs. Um dia um amigo inglês do meu marido veio nos visitar, eu fiz coxinhas para petiscar, e ele me disse: “Nagyla, porque você não faz isto para vender? Isto é muito bom!” E aquilo ficou na minha mente. Se ele é inglês e gostou, por que não? Meu marido fez o projeto da cozinha e a construção, já que é a área dele. Depois de tudo pronto comecei a servir amigos e aos poucos a clientela foi aumentando. No início passei muitas noites sem dormir porque tinha que fazer tudo manualmente e ainda precisava fazer as entregas. Hoje temos uma máquina que nos facilita mais na produção.

salgados em londres

BBMag – Além das maravilhosas coxinhas – que imaginamos que deva tomar quase todo o seu tempo, pelo grande número de eventos para os quais você é requisitada -, com o que mais você ocupa seu tempo? Algum hobby?

Nagyla – Eu não tenho um hobby específico. Sou uma pessoa que gosta de tudo, sou do tipo qualquer coisa me diverte. Rsrs.

BBMag – A gente fica aqui pensando que você já deve ter visto muitas reações diferentes dos britânicos ao provar uma coxinha pela primeira vez. Você lembra de alguma mais curiosa?

Nagyla – Tem várias reações e até recebo fotos engraçadas deles degustando. Uma que marcou muito foi um convite do dono da empresa onde meu marido trabalha, para festejar o aniversário dele  e como estávamos no começo de tudo, perguntei se eu poderia levar alguns salgados. Levei 400 coxinhas e tinha cerca de 100 pessoas, todos ingleses. Depois de uns 30 minutos, sobravam apenas uns 20 salgados em uma bandeja, e vimos que um rapaz se aproximou, pegou uma coxinha, deu uma mordida e, em seguida, colocou todas as que restavam no prato dele. Rsrs.

BBMag – Pra terminar esse bate-papo gostoso, quais são seus planos daqui pra frente?

Nagyla – Aumentar o nosso espaço, que já está ficando pequeno, e levar os nossos salgados para outras áreas um pouco mais distantes de Londres. Temos outros planos, mas não está nada concluído ainda. Sou bem pé no chão, vamos andando com um passo de cada vez.

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