Tchaikovsky x Britten: dois gênios compositores 

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A grande variedade da música nos proporciona alegria, traz conforto e também ameniza ansiedades, principalmente durante esta pandemia da Covid-19 

Ao se referir à música, especificamente a clássica, que é enraizada nas tradições seculares e litúrgicas ocidentais e que abrangem um período amplo que vai desde o século IX até os dias de hoje, descreve-se a seguir um pouco da história da vida  de dois grandes compositores gays e suas obras que tiveram uma imensa influência em nossa sociedade: 

Piotr IIitch Tchaikovsky, nascido na Rússia em 7 de maio de 1840. Por influência familiar ele teve desde muito cedo grande interesse por música e passava horas ao piano em companhia de sua mãe, de origem francesa, que infelizmente morreu quando ele tinha apenas 14 anos. Ela foi a pessoa a quem ele mais amou em toda a sua vida e sua perda deixou-lhe um grande vazio até a sua morte, daí a melancolia em suas composições. 

Quando jovem ingressou no curso de Direito em São Petersburgo e, apesar de ser um excelente aluno, abandonou o curso para se dedicar completamente à música. Aos 20 anos, deixou de ser tímido e inseguro, se transformando em um boêmio consumado e entregando-se por inteiro à vida noturna, aos prazeres  da bebida e do sexo. E é durante esta fase que começa a despertar nele o que mais o incomodaria intimamente, sua homossexualidade. Ele tentou a todo custo reprimi-la e até casou-se quando tinha 26 anos, mas essa tentativa, claramente,  não deu certo e o casamento durou pouco tempo. Porém, por possuir um imenso talento para a melodia e um forte sentimentalismo romântico, nada o impediu de se tornar um dos maiores compositores do século XIX. 

Todas as ideias e sentimentos da célebre peça de Shakespeare, Romeu e Julieta, estão retratadas na sua obra-prima do mesmo nome. Produziu também O Lago dos Cisnes, A Bela Adormecida e o Quebra-Nozes,  obras que deram um enorme destaque ao balé. Em decorrência de sua fama universal , em 1891, Tchaikovsky foi convidado a ir aos Estados Unidos para inaugurar o “Carnegie Hall”, uma sala de espetáculos na Sétima Avenida, em Nova Iorque, muito famosa até os dias de hoje. Ele morreu de cólera, em 6 de novembro de 1893, devido à água contaminada que bebeu. Suicídio? Causado pelo preconceito de uma sociedade ignorante? Não se sabe! Mais um gênio tristemente partiu, mas deixou um grande legado em nossa história. 

Já em contraste com melancolia de Tchaikovsky, anos mais tarde surge outro protagonista da música clássica: Benjamin Britten (1913-1976), nascido no condado de Suffolk, na Inglaterra, que começou a escrever músicas aos nove anos e também se destacou por ser um excelente pianista. Teve como seu grande inspirador o compositor e violinista, também inglês, Frank Bridge. Dentre as grandes obras de Benjamin Britten estão: Peter Grimes, The Turn of the Screw e a famosa War Requiem, que trata de temas contemporâneos que refletem aspectos traumáticos do pós-guerra, assim como de sua própria homossexualidade, que na época em que viveu era considerada ilegal e criminalizada. 

Apesar da imensa opressão aos homossexuais durante aquele período, Benjamin Britten manteve por 35 anos um relacionamento gay discreto, feliz e inspirador com seu parceiro na música e no amor, Peter Pears, que era tenor e um famoso cantor de ópera.


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Sobre o Colunista:

Ciro de Lima é formado em Letras pela Universidade São Francisco - São Paulo. Vive na Inglaterra há mais de 20 anos, onde cursou Tradução/Intérprete no Goldsmiths College. Também produziu o jornal informativo "Minhoca" para a comunidade LGBT e Simpatizantes. Atualmente estuda Braille em Londres e acha este curso extremamente desafiante.