Ritmos e movimentos calientes 

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Atraindo tanto curiosos quanto dançarinos entusiastas, a essência da música latina conquistou e ainda conquista os corações de milhões de pessoas ao redor do globo 

 A América Latina ganhou destaque no cenário internacional, principalmente a partir dos anos 70, por causa da disseminação dos seus ritmos musicais e danças intensas.  

Uma das características fundamentais da sonoridade típica dos latinos é a diversidade de sons e a grande mistura entre as tradições que formaram a população. Ou seja, a música que chamamos de tradicional é o resultado da junção entre ritmos africanos, europeus e indígenas, calcados, principalmente, nas línguas espanhola, portuguesa e crioula. 

O Tango, por exemplo, é a maior expressão da música e da dança argentina. Surgido nos subúrbios da capital Buenos Aires no fim do século 18 e mesclado com influências cubanas, foi ganhando espaço na cultura argentina e se transformou em um símbolo do estilo latino-americano, apresentando tanto canções alegres quanto melancólicas. 

Seguindo a ideia do Tango de que música e dança andam juntos, a Cúmbia é um ritmo muito famoso nos círculos musicais latinos e tem grande importância na cultura colombiana por mostrar a tradição advinda de escravos e que, mais tarde, se juntou aos ritmos hispânicos. A origem do nome mais aceita é que deriva de cumbé, palavra de origem bantu, um grupo etnolinguístico da África subsaariana, que significa festa ou baile.  

 

O Merengue é outro gênero que junta o ritmo quente com os passos de dança. Procedente da República Dominicana foi rapidamente adotado por outros países da América Latina, em especial os da América Central e mistura o ritmo trazido pelos colonizadores espanhóis com o das danças dos escravos africanos, especialmente aqueles provenientes de Angola. A dança é conhecida por envolver passos rápidos e jogo de quadris entre os parceiros, seguindo o batuque dos instrumentos. 

Um conhecido ritmo se originou entre as comunidades afro-brasileiras urbanas do Rio de Janeiro, Brasil, no início do século 20: o Samba, responsável por juntar, por noite, mais de 70 mil espectadores e uma média de 4.500 pessoas desfilando em cada uma das 20 escolas de samba, durante três dias, no que é conhecido como o maior carnaval da Terra. Junto à Bossa Nova, ritmo intimista e muitas vezes mencionado como “jazz brasileiro”, usa o violão, o contrabaixo e o piano como base principal do acompanhamento das canções. Os dois ritmos são os maiores representantes da cultura brasileira.   

O Paraguai é o berço de um ritmo musical interessante que perpetua as origens do seu povo, principalmente no que toca às indígenas. É o Guarânia, que se expandiu e influenciou terras brasileiras, estando presente na região Centro-oeste. Criado em 1925 pelo compositor José Asunción Flores, o gênero musical foi responsável por algumas canções muito famosas, como Índia, que são consideradas patrimônio paraguaio até hoje. 

Detentores de muitos instrumentos e considerados o berço das danças latinas, os cubanos têm como símbolo nacional a Rumba, um estilo parecido com o Flamenco espanhol, mas com raízes africanas, também de Angola. Uma das marcas registradas dessa dança é o movimento ágil e versátil dos quadris, o que requer grande mobilidade e rapidez por parte dos dançarinos, que precisam seguir a marcação rítmica da clave, um instrumento de percussão. 

Além da Rumba, o bolero também é muito famoso em Cuba e em outros países da América Latina, especialmente no México, com destaque para o compositor e pianista mexicano Agustín Lara que lançou o Bolero-danzón. De ritmo mais lento e romântico, o bolero usa violão, piano e instrumentos de sopro seguindo o ritmo de uma letra lírica e amorosa. A canção Bésame Mucho, de Consuelito Vélazquez (Jalisco, México) ficou famosa por ter sido regravada pelos Beatles, Céline Dion, Frank Sinatra e muitos outros. 

Já que falamos no México, é importante mencionar o Mariachi, palavra que define tanto o gênero musical quanto os grupos que o apresentam. Talvez você já os tenha visto em filmes ou séries retratando o México: são aqueles grupos de cantores/músicos que usam sombreros e trajes vistosos. Tocando violino, trompetes, violões e guitarras mexicanas, os mariachis espalham alegria e cultura por onde passam. 

 

Quando falamos sobre o Chile, o gênero musical que se destaca é chamado de Cueca, tocada em bailes comuns ou em cuecazos, que são festas destinadas exclusivamente à prática da Cueca. É a dança oficial e nacional do país desde 1979, com duas variantes: a Cueca Nortina e a Chilota – a primeira é somente instrumental, enquanto que a segunda conta com um cantor. Os principais instrumentos usados são o violão comum e o violão chileno, de 25 cordas. 

Muitos ouvintes do Reggaeton pensam que o estilo se originou na Jamaica, como o Reggae. No entanto, essa mistura de gêneros apareceu no Panamá, se popularizou na Costa Rica e depois se espalhou pelo mundo. Combinando ritmos espanhóis, músicas eletrônicas modernas que usam sintetizadores e as temáticas do Reggae, o Reggaeton é um dos principais expoentes da cultura latino-americana na atualidade. 

Por fim, outro ritmo famoso na América Central é o Palo de Mayo, originado na Nicarágua e presente em Honduras, Belize, El Salvador, entre outros. Desde o século 17, a música é realizada para comemorar a chegada da temporada de chuvas e da vida. Com o tempo, o gênero foi influenciado pela vinda dos africanos e se transformou em uma grande comemoração nacional. 

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