A história do tango: outro olhar

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Diz o ditado que é preciso duas pessoas para dançar um tango. Que tal conhecer isso desde o ponto de vista LGBTQ?

Quando caminhamos pelas ruas de Buenos Aires, além de nos depararmos  com sua grandiosa arquitetura indiscutivelmente europeia e com a notável dignidade de sua elegante população transitando pelo centro da cidade, presenciamos também a cada esquina uma grande aglomeração de pessoas (pré Covid-19), ao redor de exóticos casais, exibindo uma dança extremamente sensual e exuberante, o tango!

O tango é um estilo musical e uma dança, surgido no final do século XIX  nas margens do Rio da Prata, em Buenos Aires, na Argentina, e em Montevidéu, no Uruguai. Uma forma de expressão popular presente entre a classe pobre, sua atuação se dava em casas de prostituições, bares e cafés.

No princípio, a dança era feita por dois homens e eles não se olhavam, porém mais tarde  passou a ser  interpretada por duas mulheres, geralmente prostitutas. Naqueles tempos, a dança entre homens e mulheres abraçados era considerada obscena. Mas foi somente no começo do século XX que o tango começou a ganhar espaço entre a burguesia e personalidades artísticas, expandindo-se pelos grandes salões de bailes.

Já com a quebra de tabus e a aceitação de casais do sexo oposto a dançarem juntos é que as principais características desta dança – expressividade, grande carga dramática, valorização de sentimentos em forma de  paixão, tristeza e sensualidade, capacidade de improvisação e complexas coreografias – permitiram que se tornasse internacionalmente conhecida.
Convencionalmente, o tango é fortemente exaltado como uma dança heterossexual de pares com papéis definidos, o homem conduz a parceira.

Porém, nos dias de hoje, já se desenvolveu em quase todo mundo o tango gay, que é dançado entre casais do mesmo sexo usando todos os atributos realizados entre o tango convencional,  porém sem o tradicional papel heteronormativo dos dançarinos. A inovação do tango gay se difere na troca dos papéis de seus componentes, ou seja, alternadamente, o condutor passa a ser conduzido. Assim sendo, abre-se um novo precedente oferecendo oportunidades iguais a ambos dançarinos e, além do apoio a comunidade LGBT, ampara-se o papel das mulheres, já que também elas podem serem condutoras durante a apresentação,  tornando-se assim uma atuação bem mais  livre e independente da orientação sexual.

Seria este o início de um velho começo?
Outra forma de se debater este tema mais profundamente, seria assistindo “Tango Querido”, documentário exibido em 2016, dirigido por Liliana Furió em parceria com sua companheira de vida e de baile, Julie August.

“Hoje, alguém pôs a rodar
Um disco de Gardel
No apartamento junto ao meu
Que tristeza me deu!”
Trecho da música-Tango pra Tereza
Composta por Evaldo Gouveia e Jair Amorim

 

 


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Sobre o Colunista:

Ciro de Lima é formado em Letras pela Universidade São Francisco - São Paulo. Vive na Inglaterra há mais de 20 anos, onde cursou Tradução/Intérprete no Goldsmiths College. Também produziu o jornal informativo "Minhoca" para a comunidade LGBT e Simpatizantes. Atualmente estuda Braille em Londres e acha este curso extremamente desafiante.